domingo, 7 de abril de 2013

A HEROÍNA

A heroína
(Filme em milimétrica metragem)

Cena 1 – Um homem branco entra no banheiro.
Acende a luz, fecha a porta e abre a braguilha,
o tira para fora e antes que comece a urinar...

Cena 2 – ...Uma formiga nasce bem pequena.
Na verdade de um pequeno ovo. Ovo?
Cresce, trabalha, ganha asas, e tola, pousa na orelha do homem.

Cena 3 – A urina não sai. Ele a derruba da orelha no vaso.
Solta um palavrão do tipo que rima com sanitário.
A formiga se debate e ele espia, ela parece não desanimar, nada.

Cena 4 - Ele tenta urinar na formiga que debate, a situação dela é crítica.
A urina não sai. Condoído por sua luta intuitiva de sobreviver ele a salva.
Faz um rolinho de papel higiênico, e depois que ela sobe, ele a atira pelo vitraux.

Cena 5 – Volta-se para o seu membro. – finalmente! – murmura,
Olha novamente para janela, algo se mexe em seu pincel de barbear. Saco!
Saco? – esquece a urina e apanha o pincel batendo-o sobre o vidro: ela cai.

Cena 6 - A pobre despenca, longos segundos de sua vida para pensar
na besteira que é ter asas. O homem branco agora parece satisfeito!
Olha para porcaria do objeto e saboreia a urina caindo no vaso.

Cena 7 – Constatada as bolhas de poluição no pequeno lago, saciado, o guarda,
fecha a porta e apaga a luz. Sem pensar vai até a cozinha, pega um copo,
entorna água e bebe. Há um grande prazer em seu peito – Ah! Água fresca!

Cena 8 – A formiga está machucada, mas ela nem parece sentir,
perdeu uma das asas na queda e segue tentando, precisará subir tudo de novo,
só que agora sem voar. Uma asa só pesa para um dos lados. Mais sofrer.

Cena 9 – Ela salta pela fresta do vidro na maciez do pincel, ela não tem idéia
nenhuma do perigo. Sua asa única, agora, enrosca-se nos pelos do pincel.
O homem bebeu sua água. A tevê está ligada: O locutor – as formigas...

Cena 10 – O homem branco, 50 anos, entra no banheiro, acende a luz, levanta a tampa do vaso sanitário, tira seu instrumento urinário e... Olha para o vitraux. A formiga se encolhe, mas ele a vê, toma o pincel com a mão livre e a joga no vaso. Dá descarga!
      - Adeus formiga do cacete!!!!        

   ZéReys – poeta do profundo.

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A fé de uma pessoa está relacionada com aquilo que ela mais precisa, pois em caso contrário, ela não precisaria de nada.

ZéReys.