O virtual
É a delícia do espontâneo desejo de nos felicitarmos.
Abraçamos-nos, nos beijamos, nos queremos e sonhamos.
Às vezes nos enganamos também:
– por favor, não troque a fotografia, você está tão linda nela...
Têm dias que dormimos uns com os outros, e deixamos para
sonhar no dia seguinte, acordados, sobre os teclados.
Sonhamos para não deixarmos de sonhar,
vivemos para o próximo instante seguinte.
E, na maioria das vezes sem pretensões de se acasalar.
Aqui o imperativo é a amizade que tem cheiro e tempo de distância. Mas qual! ...Isso nem tem importância,
ali, é agora mesmo.Se estamos on-line, a resposta
é imediata, quase exata, ouvimos o bocejo do
sono perdido de ontem.Mas possamos sorrir sem maus humores...
Desejos renovados.
Isso aqui é quase uma prisão intransponível, quase como
se fosse um desejo universal, realizado, concluído,
mágico, possível e jamais imaginável, sem o visual.
Deus haveria mesmo de me dar esta chance humana,
de estar sempre contigo, neste elã recíproco,
quase na mesma cama, mesmo que seja assim, virtual...
ZéReys - Poeta Profundo.