domingo, 12 de maio de 2013

MÃE, VIVER É TÊ-LA!

MÃE, VIVER É TÊ-LA!

Eu já morri muitas vezes e ainda assim, sobrevivi.
Morri por dias, quando devia ser sobrevivente.
Morri descontente.
Morri onipresente.
Morri ausente.

Morri na concepção e na gestação.
Morri no nascimento.
Morri no abandono.
Morri pelo sono.
Pela falta de pão.

Morri pela dádiva do apetite da fome,
Morri por ser homem, por não ter nome.
Morri tantas vezes pelas lágrimas vertentes.
Pela inveja involuntária...
e por não ser gente.

Morri pela indumentária do amigo.
Pela falta de abrigo, pela vergonha latente.
Morri pela covardia em não ser ladrão.
Do orgulho no estômago no lugar do feijão.
Morri pela faltas prementes.

Da comida no lixo, em profusão,
me arrancando às lágrimas,
morri pela estação das águas.
Morri, até, quando me descobri vivo...
E em cada momento impreciso.

Sem pai e, quando outro, redescobri morto;
e eu, depois de deposto e outra vez morto,
me vi revivo abandonado por ela, covardemente,
pois estava ausente da dor da partida.
Fatídica ida, feliz ida, ainda que viva.

E assim, depois que a mãe se foi,
por sua maldita sumida...
Trinta e um anos de agruras,
de penúrias, de procura... Encontrei!
Não: a esperança a descobriu...

E assim, às vésperas de sua morte,
para me ouvir dizer; Sério, soturno... Taciturno:
"Obrigado, mãe, vim lhe agradecer,
pela honra de ter nascido homem,
e por seu leite materno!”

"Eu posso dizer - embora tenha sido abandonado
por minha mãe -, que sou um homem feliz,
porque pude dar aos meus filhos,
uma boa mãe, orgulho deles!"
- Sabe bem sobre mãe - mais – quem não pôde tê-la!

ZéReys – poeta do profundo.

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ZéReys.